9 de dezembro de 2024
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Evangélicos apostam menos na loteria enquanto adesão a apostas online se mantém igual

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Evangélicos tradicionalmente demonstram resistência em relação aos jogos de azar, mas essa postura parece mudar quando se trata de opções mais contemporâneas, como apostas online e cassinos digitais. Dados de uma pesquisa realizada pelo Datafolha revelam que a adesão de evangélicos a apostas esportivas (bets) é equivalente à da população geral.

Contrapõe-se a esse cenário a taxa de participação em modalidades de jogo tradicionais, como loterias e o jogo do bicho, que apresenta números significativamente menores entre os evangélicos. Apenas 19% dos participantes desse grupo costumam jogar na Mega-Sena e em outras loterias da Caixa, enquanto no caso do jogo do bicho, esse índice é de apenas 4%. Comparativamente, entre os católicos, esses números são consideravelmente mais altos, com 36% jogando na Mega-Sena e 10% no jogo do bicho.

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As diferenças entre católicos e evangélicos se tornam menores quando se analisa a adesão a apostas online. A pesquisa revela que 23% dos evangélicos afirmam já ter participado de apostas esportivas ou cassinos digitais, em comparação com 19% dos católicos. Esses dados, no entanto, estão dentro da margem de erro e não permitem afirmar categoricamente uma maior disposição dos evangélicos com relação a essas práticas.

Na sondagem, que envolveu 1.935 entrevistados em 113 municípios brasileiros, 51% se identificaram como católicos, enquanto 24% se declararam evangélicos. As margens de erro para esses grupos são de três pontos percentuais para católicos e cinco pontos para evangélicos. O restante dos entrevistados é composto por pessoas de outras crenças ou sem religião.

Pastores expressam preocupação quanto ao aumento do número de fiéis viciados em jogos de azar. Um relatório publicado destacava que o slogan “Profetizou, jogou, sacou”, utilizado por empresas de apostas, ressoa com muitos membros da comunidade evangélica, o que representa uma estratégia de marketing eficaz para envolver esse público que já está habituado a conceitos de prosperidade e fé.

Segundo a pesquisa, 20% dos evangélicos que fazem apostas online jogam todos os dias, um percentual superior ao de 14% entre os católicos. O gasto médio mensal dos evangélicos que participam dessas atividades é de R$ 186, enquanto os católicos desembolsam R$ 290. Apesar de alguns se envolverem nessas práticas, a maioria tanto de evangélicos (66%) quanto de católicos (63%) acredita que essas formas de jogo deveriam ser proibidas.

Os evangélicos mostram-se mais influenciáveis por propagandas em redes sociais, com 36% reconhecendo esse meio como a principal forma de contato com jogos online, em contrapartida com 26% dos católicos. A percepção acerca de lucro também varia: apenas 17% dos evangélicos consideram que ganham dinheiro com jogos, enquanto 28% dos católicos compartilham esse sentimento.

O pastor Victor Fontana e o cientista político Vinicius do Valle citam fatores que podem explicar a crescente adesão dos evangélicos a apostas online, como a acessibilidade e a discrição dessas plataformas. A facilidade de uso de dispositivos móveis para realizar apostas digitais contrasta com as dificuldades associadas a jogos tradicionais, como ir até uma lotérica, o que pode levar a uma minimização da percepção de pecado entre os jogadores.

Além disso, conceitos da Teologia da Prosperidade, que associam a fé a recompensas materiais, podem torná-las mais atrativas. Valle observa que a arquitetura das apostas online pode desconectar a prática do ambiente do pecado, tornando-a mais aceitável em comparação à tradição dos jogos de azar.

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