A balança comercial do Brasil registrou uma queda no superávit em novembro, atingindo um montante de US$ 7,03 bilhões, o que representa uma retração de 20% em comparação ao mesmo mês de 2023. Essa diminuição se deve, em parte, à desvalorização de diversas commodities e ao aumento das importações, impulsionado pela recuperação econômica do país.
Desempenho Histórico
Apesar do recuo no superávit, novembro de 2024 ainda apresenta o segundo melhor resultado para o mês desde o início da série histórica, em 1989. O desempenho atual só é superado pelo resultado de novembro de 2023, que registrou um saldo positivo de US$ 8,789 bilhões.
Resultados Acumulados em 2024
Com o resultado de novembro, o superávit comercial acumulado em 2024 alcançou US$ 69,856 bilhões. Esse valor é 22% inferior ao montante registrado no mesmo período de 2023, mas ainda representa o segundo melhor resultado histórico para os primeiros 11 meses do ano.
Comparação entre Exportações e Importações
No que se refere às exportações, houve estabilidade em relação ao mês anterior, enquanto as importações apresentaram um aumento expressivo. As exportações totalizaram US$ 28,021 bilhões, um crescimento de 0,4% em relação a novembro de 2023. Por outro lado, as importações chegaram a US$ 20,991 bilhões, marcando um aumento de 9,5%.
Valorização e Desvalorização de Produtos
A queda no superávit foi influenciada pela desvalorização dos preços internacionais de produtos como petróleo, minério de ferro, soja e milho. Entretanto, outros itens, como café, celulose e carnes, apresentaram alta nos preços, contribuindo para uma certa compensação nas receitas proporcionadas pelas exportações.
Setor de Importações
Dentre os produtos importados, os motores não elétricos e os componentes químicos mostraram uma variação expressiva, enquanto os medicamentos também desempenharam um papel importante nesse aumento. Em comparação com novembro do ano anterior, o valor das compras de motores e máquinas não elétricos subiu 31,2%, apesar do volume ter caído em 12,9% para esse segmento.
Volume e Preços de Mercadorias
Os dados de novembro indicam um crescimento de 5,5% no volume de mercadorias exportadas, impulsionado principalmente pelos combustíveis e pela produção agropecuária. No entanto, os preços médios das exportações caíram 4,7% em relação ao mesmo mês em 2023. As importações, por sua vez, mostraram um aumento de 18,8% no volume, mas uma redução de 6,6% nos preços médios.
Análise Setorial
No setor agropecuário, o fim das safras teve um impacto negativo expressivo, resultando em uma queda de 23,1% no volume das exportações. A indústria de transformação, no entanto, revelou um crescimento de 10,3% no volume exportado, enquanto a indústria extrativa também apresentou resultados positivos, com um aumento de 21,2 % nas exportações, embora com uma queda de 16% nos preços médios.
Projeções Governamentais
Em novembro, o governo revisou para baixo a estimativa de superávit comercial para 2024, ajustando-a de US$ 79,2 bilhões para US$ 70 bilhões, o que representa uma queda de 28,9% em relação ao resultado de 2023. A previsão anterior, realizada em julho, indicava uma redução de 19,9%.
Expectativas para Exportações e Importações
Conforme informações do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, as exportações devem recuar 1,2% em 2024, totalizando aproximadamente US$ 335,7 bilhões, enquanto as importações devem crescer 10,2%, alcançando US$ 264,3 bilhões. Esse aumento nas importações reflete a recuperação econômica, que tem elevado o consumo.
Discrepâncias nas Previsões de Mercado
As previsões do governo estão mais pessimistas do que as do mercado financeiro, que estima um superávit de US$ 75 bilhões para esse ano, conforme divulgado no boletim Focus, uma pesquisa realizada com analistas de mercado pelo Banco Central.