O Brasil se une a um importante estudo global sobre educação infantil, o International Early Learning and Child Well-Being Study (IELS), promovido pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Esta é a primeira vez que o país participa dessa iniciativa, que busca avaliar o desenvolvimento de crianças de 5 anos em áreas como linguagem, raciocínio matemático, autorregulação e habilidades socioemocionais.
Os resultados obtidos pelo IELS poderão servir de base para a formulação de políticas públicas eficazes voltadas para a primeira infância, além de possibilitar ajustes nas estratégias sociais nas áreas da saúde e educação. Andreas Schleicher, diretor de Educação e Competências da OCDE, enfatizou a relevância da participação do Brasil no estudo e destacou a importância de entender como as habilidades iniciais impactam a trajetória futura das crianças.
A fase de pré-teste do IELS foi concluída em maio, envolvendo 30 instituições de ensino públicas e privadas em três regiões brasileiras: Norte, Nordeste e Sudeste. Aproximadamente 350 alunos da pré-escola participaram do levantamento. Em maio do próximo ano, o estudo será ampliado, contemplando 250 escolas em 100 municípios e avaliando cerca de 3 mil crianças.
No Brasil, a implementação do IELS é liderada pela Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal, que se dedica à promoção do desenvolvimento infantil. Mariana Luz, CEO da fundação, ressaltou que os dados serão cruciais para a elaboração de estratégias que visem reduzir desigualdades educacionais no país. Ela também destacou a importância da frequência precoce na educação, que influencia positivamente o desempenho escolar e serve como proteção para crianças em situação de vulnerabilidade social.
Nesta edição do IELS, o Brasil é o único representando o Hemisfério Sul, ao lado de países como Holanda, Inglaterra, Estônia, Azerbaijão, Emirados Árabes, Singapura, Bélgica e República Checa. A primeira edição do estudo, realizada em 2018, teve como participantes o Reino Unido, Estados Unidos e Estônia.
No Brasil, a coordenação do estudo fica a cargo dos pesquisadores Mariane Koslinski e Tiago Bartholo, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). As interações com as crianças serão realizadas por meio de brincadeiras e histórias utilizando tablets, com a supervisão de um pesquisador. Durante todas as fases do estudo, os responsáveis e profissionais de educação também serão ouvidos para complementar a avaliação.
O custo total do IELS no Brasil está previsto em cerca de R$ 13 milhões, com apoio de diversas instituições, incluindo o Serviço Social da Indústria (Sesi) e a Fundação Itaú Social. Rafael Lucchesi, diretor superintendente do Sesi, reforçou a importância desse estudo em larga escala, que contribuirá para uma melhor compreensão do desenvolvimento infantil no Brasil.
Os resultados finais do IELS serão divulgados em março de 2026, prometendo enriquecer o conhecimento sobre a educação infantil no país e subsidiar políticas que visem um futuro mais igualitário para as crianças brasileiras.