6 de fevereiro de 2025
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Brasil registra 105 mortes de pessoas trans em 2024

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Em 2024, o Brasil se mantém como o país com a mais alta taxa de assassinatos de pessoas trans, registrando 105 mortes ao longo do ano. Apesar de uma leve diminuição em relação a 2023, quando foram contabilizados 119 assassinatos, a situação se repete pelo 17º ano consecutivo, conforme aponta o Dossiê: Registro Nacional de Mortes de Pessoas Trans no Brasil 2024, elaborado pela Rede Trans Brasil.

Dados do dossiê indicam que a Região Nordeste é a que mais registra assassinatos de pessoas trans, com 38% dos casos, seguida pela Região Sudeste, responsável por 33%. O Centro-Oeste soma 12,6%, enquanto o Norte e o Sul contabilizam 9,7% e 4,9%, respectivamente. São Paulo lidera em números absolutos, com 17 mortes, seguido por Minas Gerais (10) e Ceará (9).

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A redução no número de mortes é um reflexo de um processo de mudança lenta e desigual, de acordo com Isabella Santorinne, secretária adjunta de Comunicação da Rede Trans Brasil. Ela ressalta que, embora haja um avanço nas discussões sobre os direitos das pessoas trans, a violência e o preconceito permanecem uma dura realidade.

A pesquisa Trans Murder Monitoring, que acompanha homicídios de pessoas trans globalmente, aponta que, em 2024, houve um aumento alarmante no número de assassinatos de personas trans, com 350 registros em todo o mundo. A América Latina e o Caribe respondem por cerca de 70% das mortes, com o Brasil liderando com 106 casos, seguido pelo México (71) e Colômbia (25).

O patriarcado e a cultura de consumo de pornografia trans também são apontados como paradoxos, visto que o Brasil se destaca no consumo desses conteúdos, enquanto é também o principal responsável pela violência contra essa população. Isabella Santorinne menciona que o país demonstra um comportamento contraditório: aprecia os corpos trans, mas os rejeita e os mata.

Analisando o perfil das vítimas, observa-se que 93,3% eram mulheres trans ou travestis, com a maioria na faixa etária entre 26 e 35 anos. Muitas dessas pessoas eram racializadas e estavam envolvidas na profissão de trabalhadoras sexuais, frequentemente assassinadas em seus locais de trabalho.

A investigação dos casos revela que 66% ainda estavam pendentes, e 34% resultaram na prisão do suspeito. Entre os autores dos crimes, destacam-se companheiros e ex-companheiros, além de clientes e aqueles possivelmente relacionados com práticas criminosas.

Os dados mostram que a maioria das mortes ocorreu por arma de fogo ou facadas, muitas vezes em vias públicas ou residências das vítimas. A análise do respeito aos nomes das vítimas revela que a maioria das reportagens nos meios de comunicação respeitou a identidade de gênero das pessoas assassinadas.

Isabella enfatiza a necessidade urgente de políticas públicas que garantam a proteção e dignidade da população trans. A falta de ações efetivas resulta em um cenário alarmante e de exclusão, aumentando a luta por direitos básicos, como educação inclusiva, acesso à saúde e segurança. A efetivação de políticas públicas é fundamental para transformar essa realidade e garantir que crimes transfóbicos sejam adequadamente investigados e punidos.


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