As Forças de Defesa de Israel (FDI) começaram um avanço significativo sobre o território da Síria após a queda do governo de Bashar al-Assad, ocorrida no domingo, dia 8, em consequência de uma ofensiva de grupos insurgentes armados apoiados por potências estrangeiras.
Avanço militar e reações internacionais
A Organização das Nações Unidas (ONU) indicou que o movimento das tropas israelenses na Síria contraria um acordo firmado em 1974 entre os dois países. Especialistas alertam que a ação de Israel pode ser um sinal de que o país pretende anexar mais territórios sírios. O Observatório Sírio de Direitos Humanos registrou mais de 300 ataques aéreos israelenses contra infraestruturas militares da Síria desde a queda de Assad.
Na segunda-feira, dia 10, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, anunciou que o Exército israelense foi orientado a estabelecer uma zona tampão entre as Colinas de Golã e o restante do território sírio. Netanyahu afirmou que a FDI foi instruída a tomar controle sobre essa área, que inclui o cume do Monte Hermon, conhecido também como Hermon Sírio.
Israeli se defende no cenário internacional
Israel, em uma comunicação ao Conselho de Segurança da ONU, pediu que sua ocupação do Monte Hermon fosse considerada temporária e limitada. O embaixador de Israel na ONU, Danny Danon, declarou que as ações de seu país visam preservar a segurança, reiterando o comprometimento com o Acordo de Desengajamento de 1974.
Conforme afirmado pelo porta-voz da ONU, Stéphane Dujarric, as atividades militares israelenses nessa área constituem uma violação do acordo de 1974, que proíbe a presença militar na área de separação entre Israel e Síria. Ele ressaltou a necessidade de ambos os países manterem a estabilidade no Golã.
Objetivos estratégicos de Israel
O professor Mohammed Nadir, especialista em relações internacionais, comentou que a postura de Israel revela intenções de expandir seus territórios, alinhando-se à concepção do Grande Israel, que busca abarcar regiões que vão do Egito ao Iraque. Ele destacou a destruição de infraestrutura militar síria, indicando que as forças israelenses estão a 20 quilômetros de Damasco e avançando.
Em seus comentários à imprensa, Netanyahu reforçou que as Colinas de Golã são uma parte essencial de Israel, mesmo que o direito internacional não reconheça essa anexação. Ele expressou gratidão ao ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pelo reconhecimento da soberania israelense sobre a área em 2019, afirmando que as Colinas de Golã são uma parte inseparável do Estado de Israel.
Desafios pela frente
A queda de Assad, segundo Netanyahu, enfraquece a posição do chamado Eixo da Resistência, composto por Irã e grupos como o Hezbollah, que desafiam a influência de Israel e dos Estados Unidos no Oriente Médio. Com isso, Israel busca consolidar sua posição como um centro de poder na região.
As Colinas de Golã são uma região estrategicamente importante, oferecendo um ponto de observação privilegiado sobre partes da Síria e de Israel. Com a capital síria localizada a cerca de 60 quilômetros de distância, a área também é uma fonte vital de água que flui para o Rio Jordão.
O cenário atual exige atenção redobrada da comunidade internacional, que deve considerar os desdobramentos dessa situação e suas implicações para a estabilidade da região.