O líder interino da Síria, Mohammed al-Bashir, anunciou na terça-feira, dia 10, sua ascensão ao cargo, apoiado por antigos rebeldes que recentemente derrubaram o presidente Bashar al-Assad. Essa mudança significativa no governo marca um novo capítulo na história do país, refletindo a complexidade da situação política na Síria.
Recentemente, Mohammed al-Bashir, que era uma figura relativamente desconhecida fora da província de Idlib, onde governava em um bolsão controlado pelos rebeldes, proferiu um discurso na televisão estatal afirmando sua nova posição. Ele liderará a autoridade interina até 1º de março e, durante sua primeira reunião de gabinete, destacou a importância da transferência de arquivos e instituições para assegurar uma governança eficaz.
Durante o discurso, al-Bashir foi acompanhado por bandeiras que simbolizavam a oposição ao regime de Assad, refletindo a união dos grupos que lutaram contra o governo deposto. Com a nova liderança, a capital síria experimentou um breve retorno à normalidade, com reaberturas de bancos, lojas e o retorno dos trabalhadores às ruas de Damasco.
A diminuição da presença armada nas ruas foi notável, em resposta a ordens do comando rebelde para que os combatentes se retirassem dos centros urbanos. As forças de segurança interna, ligadas ao principal grupo rebelde Hayat Tahrir al-Shams (HTS), assumiram o controle das áreas urbanas.
Esses movimentos em direção à normalização ocorreram apesar dos contínuos ataques aéreos de Israel contra bases do Exército sírio, que se viam desorganizadas após a queda de Assad. Israel justificou suas ações como medidas necessárias para evitar que armamentos caíssem em mãos hostis, embora tenha negado avançar além de suas zonas de proteção.
Sinais de diplomacia começaram a aparecer, com o enviado da ONU à Síria, Geir Pedersen, minimizando a designação do HTS como organização terrorista. Em suas declarações, Pedersen observou que o HTS, assim como outros grupos armados, tem promovido mensagens de unidade e inclusão entre a população síria.
O novo líder interino, embora tenha um perfil político limitado fora da província de Idlib, tem um histórico acadêmico interessante, tendo sido treinado como engenheiro elétrico e se formado em direito. A situação de segurança na Síria é complexa, especialmente com a continuidade das operações israelenses na região, resultantes da instabilidade política após a queda de Assad.
Enquanto o governo interino tenta reconstruir o país, a presença militar israelense na região e a dinâmica entre os diversos grupos de poder continuam a ser fatores críticos a serem considerados nesta nova fase da história síria.