Joseph Aoun foi eleito presidente do Líbano em uma votação realizada no dia 9 de novembro, após um vácuo de poder que se prolongou por mais de dois anos. Esta eleição encerra um período de incertezas políticas que se agravou desde o término do mandato do último chefe de Estado.
Com o apoio de 99 dos 128 deputados, Joseph Aoun obteve a vitória no segundo turno da eleição presidencial. No primeiro turno, seu desempenho foi inferior, conseguindo apenas 71 votos, evidenciando a resistência do movimento xiita Hezbollah e seus aliados, que se manifestaram com votos em branco e nulos.
Apoio de potências ocidentais
A eleição de Aoun conta com o respaldo de importantes potências ocidentais, como Estados Unidos, França e Arábia Saudita. Diplomatas dessas nações se reuniram com Aoun e Nabih Berri, presidente da Assembleia e líder do partido xiita Movimento Amal, antes do pleito. A presença de figuras diplomáticas de destaque, como Jean-Yves Le Drian, embaixador francês, e Amos Hochstein, enviado dos EUA, reforça a relevância internacional da eleição.
Desafios à frente
Agora, Joseph Aoun enfrenta uma das maiores crises da história do Líbano. No sul do país, deverá lidar com a invasão de território por Israel, ao mesmo tempo que lidera um Exército libanês debilitado, em termos de moral e recursos financeiros. Desarmar o Hezbollah e estabelecer a segurança na região são condições essenciais para a retirada das forças israelenses.
No campo econômico, o novo presidente encontrará um cenário devastador. De acordo com o Banco Mundial, os danos gerados pela guerra totalizam 8 bilhões de euros. O Líbano já enfrentava, antes da guerra, uma grave crise econômica, marcada pela desvalorização da moeda e pelo aumento da pobreza, que atinge mais de 70% da população.
Implementação de reformas
O Fundo Monetário Internacional (FMI) ofereceu um empréstimo superior a US$ 3 bilhões, condicionado à implementação de reformas que, ao longo dos anos, tiveram poucas iniciativas concretas por parte das autoridades libanesas. Paula Yacoubian, uma parlamentar reformista, expressou esperança de que a nova liderança possa trazer mudanças significativas.
Histórica mudança política
A eleição de Joseph Aoun também é uma mudança simbólica importante, ao quebrar um padrão de liderança alinhada diretamente com o Hezbollah, presente na política libanesa por décadas. Contudo, essa transição não é isenta de riscos, principalmente devido à aproximação do Ocidente, que pode gerar tensões internas.
A capacidade de Joseph Aoun em restaurar a dignidade e a estabilidade no Líbano será testada em um contexto onde a esperança de mudanças é sentir-se limitada entre os cidadãos. O sucesso ou fracasso de sua presidência pode definir o futuro político e social do país.