O Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), outrora uma das forças políticas mais influentes do país no período pós-redemocratização, enfrenta uma crise que ameaça sua continuidade. Segundo informações veiculadas pela imprensa nacional, o partido está em negociações para uma possível fusão com outras legendas, como o Movimento Democrático Brasileiro (MDB) e o Partido Social Democrático (PSD). No entanto, a incorporação ao Podemos parece ser a alternativa mais próxima de se concretizar.
Caso a fusão com o Podemos se confirme, o partido, que já possui uma expressiva base no Espírito Santo, tende a ampliar sua influência. Atualmente, o Podemos é representado na Assembleia Legislativa pelos deputados Alexandre Xambinho e Allan Ferreira. Com a incorporação dos tucanos Vandinho Leite e Mazinho dos Anjos, além de três prefeituras administradas por filiados do PSDB — Kleber Medici (Santa Teresa), Joadir Lourenço (Laranja da Terra), Marcos Guerra (São Roque do Canaã) e Doutor Lucio (Mantenópolis) —, o partido fortaleceria sua presença no estado, somando-se às 11 prefeituras conquistadas nas eleições de 2024.
Nesse cenário, o deputado federal Gilson Daniel, presidente estadual do Podemos, surge como um dos principais beneficiados. Desde a saída do presidente da Assembleia Legislativa, Marcelo Santos, no ano passado, Daniel consolidou sua liderança solitária no partido. O deputado afirmou que o Podemos não fará parte do secretariado do governador Renato Casagrande (PSB), mas negou que isso represente um rompimento com o Executivo estadual. Daniel destacou que gostaria de assumir pessoalmente uma secretaria, mas sua saída da Câmara Federal abriria espaço para o suplente Coronel Ramalho, que migrou para o Partido Liberal (PL) e se alinhou ao bolsonarismo nas eleições de 2024.
A decisão de não indicar nomes para o secretariado de Casagrande pode ser interpretada como uma estratégia de Daniel para manter o controle centralizado no partido. O deputado também ressaltou que se considera um político de perfil executivo e que o Podemos é a única legenda com dois possíveis candidatos ao governo do estado: ele próprio e o prefeito reeleito de Vila Velha, Arnaldinho Borgo.
No entanto, a fusão entre PSDB e Podemos ainda não é um cenário definitivo. Há movimentos entre filiados tucanos em nível nacional que buscam reverter a possível extinção do partido. Além disso, alguns políticos do PSDB já estão abandonando a sigla antecipadamente, insatisfeitos com o rumo das negociações, o que pode se repetir no Espírito Santo. Esses fatores indicam que os benefícios para o Podemos e Gilson Daniel não são automáticos ou garantidos.
Outro ponto a ser considerado é a limitação do poder de Daniel, mesmo em um cenário de fortalecimento partidário. Nas eleições municipais de 2024, em Cachoeiro de Itapemirim, o deputado não conseguiu impedir que o colega de partido Allan Ferreira apoiasse o candidato a prefeito Diego Libardi (Republicanos), que integra a oposição ao governo Casagrande.
Por enquanto, as perspectivas para Gilson Daniel e o Podemos no Espírito Santo parecem positivas, mas o desfecho das negociações com o PSDB e os desdobramentos políticos ainda podem alterar o cenário. A situação permanece em aberto, com incertezas sobre o futuro das duas legendas e seus impactos na política capixaba.