Presidente da Câmara Municipal de Guarapari, a vereadora Sabrina Astori se manifestou oficialmente nesta terça-feira (3), sobre o episódio envolvendo a médica Maria Júlia, que deixou de atuar voluntariamente na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) após ser constrangida pelo vereador Oldair Rossi, do partido União Brasil. Em nota pública, Sabrina lamentou o ocorrido, expressou solidariedade à profissional e reforçou o compromisso institucional com o respeito às mulheres, especialmente em espaços de atuação técnica como a saúde pública.
A nota foi publicada em suas redes sociais e circulou amplamente entre servidores públicos, profissionais da saúde e apoiadores. Nela, Sabrina afirma que o caso não está sendo ignorado e reitera que nenhuma profissional deve ser desrespeitada no exercício da função.
Segundo a vereadora, é preciso reconhecer a trajetória de luta das mulheres e garantir que episódios de desvalorização não sejam tolerados, independentemente de hierarquia ou cargo ocupado.
O episódio
A situação ocorreu dentro da UPA de Guarapari, quando o vereador Oldair Rossi entrou em uma sala de atendimento exigindo ser atendido de imediato. A médica Maria Júlia, que estava em atendimento a outro paciente, manteve sua conduta profissional e recusou-se a interromper o procedimento. O parlamentar reagiu com tom autoritário, elevando a voz, ameaçando dar voz de prisão à profissional e fazendo comentários como “você é pequenininha” e “vai sim conversar comigo”.
As imagens da abordagem, registradas em vídeo, foram amplamente compartilhadas e geraram forte repercussão. A médica, de 24 anos, registrou boletim de ocorrência e anunciou que deixaria a unidade onde atuava de forma voluntária, alegando constrangimento.
Em pronunciamento na tribuna da Câmara, Oldair Rossi voltou a criticar a conduta da médica, atribuindo a ela falta de preparo por conta da idade e afirmando que “vereadores devem ser atendidos prontamente”.
Posicionamento institucional
Na condição de presidente da Câmara Municipal, Sabrina Astori destacou em sua nota que o caso será acompanhado com responsabilidade e atenção. Sem citar nomes, a parlamentar reforçou a necessidade de garantir ambientes seguros e respeitosos para todas as mulheres que atuam no serviço público, com foco especial em setores essenciais como a saúde.
A manifestação da vereadora se soma a outras manifestações institucionais, mas tem o peso de partir da liderança do Poder Legislativo de Guarapari. Parte dos parlamentares, no entanto, segue sem se posicionar publicamente sobre o ocorrido, o que tem gerado críticas nas redes sociais.
Apoio de entidades
O caso também motivou notas de repúdio de diversas instituições. O Sindicato dos Médicos do Espírito Santo (Simes) classificou o episódio como um ato de abuso de autoridade e machismo. A Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Espírito Santo (OAB-ES), por meio da Comissão da Mulher Advogada, repudiou a postura do vereador e reforçou que idade e aparência não podem ser critério de avaliação de competência profissional. A Prefeitura de Guarapari emitiu nota afirmando que os Poderes são independentes e que o Executivo não compactua com atitudes dessa natureza.
Nota de esclarecimento de Sabrina Astori (na íntegra)
“Com respeito, empatia e solidariedade, dirijo‑me a todas as mulheres e à sociedade para dizer que o episódio envolvendo a médica Maria Júlia na UPA de Guarapari não está sendo ignorado. Como vereadora, na função de presidente da Câmara Municipal e também como mulher, reafirmo que nenhuma profissional deve ser desrespeitada ou constrangida no exercício de sua função.
A história das mulheres é marcada por resistência e coragem. A força da mulher está em ocupar espaços, enfrentar desafios e mostrar competência mesmo diante das tentativas de desvalorização.
Seguiremos firmes na defesa da dignidade das mulheres. Que cada passo dado seja guiado pelo compromisso com o respeito, a justiça e a igualdade”.
Sabrina Astori







