Um estudo da Ufes mostra os impactos nas percepções sensoriais após a infecção pela covid-19. A pesquisa teve por objetivo identificar as variações nos sentidos de indivíduos que declararam ter apresentado perda ou redução do olfato ou do paladar como sintomas de infecção pelo vírus, e como as alterações afetam a vida dos indivíduos.
O diferencial do estudo, orientado pela professora e coordenadora do Laboratório de Análise Sensorial do Centro de Ciências Agrárias e Engenharias (CCAE), por Suzana Della Lucia, no campus de Alegre, é o envolvimento de testes laboratoriais com o uso de métodos que utilizam análises sensoriais para a observação de possíveis alterações nas sensibilidades olfativas e gustativas, em comparação com os que não foram acometidos pela doença e pelos sintomas.
A coleta de dados foi feita no campus de Alegre e abrangeu 30 participantes para a etapa de análise individual, sendo 53% (16) do sexo masculino e 47% (14) do sexo feminino, com faixa etária entre 20 e 50 anos. Já a etapa laboratorial abarcou 100 indivíduos que apresentaram ou não o diagnóstico para a covid-19.
“São previstos outros experimentos para a complementação dos dados, envolvendo, também, outras instituições”, declara a coordenadora.
Impactos
Os pesquisadores observaram que os indivíduos que sofriam por distúrbios sensoriais possuíam limitações em seus afazeres diários, principalmente em relação ao apetite. Elevar o consumo de condimentos por conta da dificuldade sensorial de percebê-los foi uma das situações mais presentes durante as entrevistas, o que, em médio prazo, pode acarretar o aumento da ocorrência de doenças crônicas não transmissíveis como, por exemplo, hipertensão, obesidade e diabetes.
Também foram detectados pontos ligados à preocupação com a higiene pessoal e em perceber sinais de alerta quanto à segurança, como o cheiro do gás de cozinha vazando. Os resultados demonstram preocupação quanto à qualidade de vida devido aos déficits sensoriais.
Vacina
Com a vacina, a professora relata que foi possível observar a redução da ocorrência dos sintomas de perda de olfato e paladar, mas afirma que esta ainda é uma questão que demanda mais estudos para ser respondida com clareza.
A equipe está dando continuidade aos experimentos abordando, desta vez, um número maior de indivíduos com características diferentes.
“Estamos trabalhando com as diferentes comparações como, por exemplo, ter testado positivo para a doença e ter apresentado ou não os sintomas de perda de olfato e/ou paladar; a duração dos sintomas; se eles ainda estão presentes mesmo após a cura da doença; o número de vezes em que o indivíduo foi infectado, dentre outros. Há muito o que ser estudado ainda”, afirma Suzana Lucia.