21 de janeiro de 2025
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Brasil registra mais de 30 internações diárias por tentativas de suicídio

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Ao longo de 2023, o Sistema Único de Saúde (SUS) registrou 11.502 internações devido a lesões autoprovocadas com intenção deliberada de se ferir, o que resulta numa média diária de 31 casos. Esse número representa um aumento de mais de 25% em comparação aos 9.173 casos registrados em 2014. As informações foram divulgadas nesta quarta-feira (11) pela Associação Brasileira de Medicina de Emergência (Abramede).

A Abramede destacou que, em situações de lesões autoprovocadas, médicos de emergência frequentemente são os primeiros a prestar atendimento. A entidade enfatizou a necessidade de capacitar esses profissionais para oferecer um atendimento rápido e eficiente, bem como para proporcionar um acolhimento adequado em momentos de grande vulnerabilidade emocional.

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Segundo a Abramede, os números podem ser ainda maiores devido a possíveis subnotificações, registros inconsistentes e dificuldades no acesso ao atendimento em algumas regiões do país. Em 2016, as notificações de internações por tentativas de suicídio apresentaram uma leve queda em relação aos dois anos anteriores, mas o índice voltou a subir em 2018 e atingiu o pico em 2023.

A análise regional revela variações significativas nas internações por lesões autoprovocadas. Alagoas, por exemplo, apresentou um aumento percentual alarmante de 89% de 2022 para 2023, com o número de casos passando de 18 para 34. A Paraíba e o Rio de Janeiro também tiveram aumentos significativos, de 71% e 43%, respectivamente. Em contraste, estados como São Paulo e Minas Gerais, apesar de terem altos números absolutos (3.872 e 1.702 internações, respectivamente, em 2023), registraram aumentos percentuais menores de 5% e 2%, respectivamente.

Alguns estados, no entanto, apresentaram reduções notáveis no número de internações. O Amapá lidera com uma queda de 48%, seguido pelo Tocantins (27%) e Acre (26%).

A Região Sul enfrenta uma tendência preocupante, com aumentos nas internações: Santa Catarina subiu 22%, Paraná 16% e Rio Grande do Sul 33%.

Em relação ao perfil dos pacientes, o número de internações de mulheres aumentou de 3.390 em 2014 para 5.854 em 2023, enquanto o número de internações entre homens caiu de 5.783 para 5.648 no mesmo período. O grupo etário mais afetado foi o de 20 a 29 anos, com 2.954 internações em 2023, seguido pelo grupo de 15 a 19 anos com 1.310 casos. As internações entre pessoas com 60 anos ou mais somaram 963 casos, e houve um aumento expressivo nas internações de crianças e adolescentes de 10 a 14 anos, que chegaram a 601 registros em 2023, quase o dobro do observado em 2011.

A Abramede ressaltou a importância de uma abordagem que vá além do atendimento técnico inicial, incluindo a identificação de sinais de vulnerabilidade emocional para oferecer suporte integrado. A entidade acredita que uma resposta rápida e humanizada pode melhorar o prognóstico dos pacientes e ajudar na prevenção de novos episódios.

Setembro Amarelo, uma das principais campanhas de prevenção do suicídio no Brasil, tem como lema deste ano “Se Precisar, Peça Ajuda”. O suicídio é definido como um problema de saúde pública, com cerca de 14 mil registros anuais no país, o que equivale a aproximadamente 38 pessoas por dia.

Héder Bello, psicólogo e especialista em trauma e urgências subjetivas, destaca que transtornos mentais são fatores de vulnerabilidade, mas não os únicos. Fatores como orientação sexual, precariedade financeira ou social, status de refugiado político e experiências de abuso ou violência também contribuem para o risco de ideação ou tentativa de suicídio. Bello ressalta a importância de políticas públicas que abordem o tema sem tabus e promovam educação e saúde para lidar com essas situações.

Globalmente, a Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que mais de 700 mil pessoas morrem por suicídio anualmente. A OMS enfatiza a necessidade de reduzir o estigma e promover o diálogo aberto sobre o tema. O suicídio é atualmente a quarta principal causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos. A redução global da taxa de suicídio em pelo menos um terço até 2030 é uma das metas dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU. A OMS destaca que os desafios associados ao suicídio são complexos e envolvem fatores sociais, econômicos, culturais e psicológicos, incluindo a negação de direitos humanos e o acesso a recursos básicos.

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