Dados do Instituto do Coração (Incor) apontam que a falta de tratamento dentário adequado pode representar um risco à vida. Cerca de 45% das doenças cardíacas e 36% das mortes por problemas do coração têm origem dentária.
Um dos exemplos é a endocardite infecciosa, infecção da parede interna ou das válvulas do coração, que tem entre suas principais causas a falta de higiene na cavidade oral. Isso acontece quando bactérias causadoras de cáries, gengivite e periodontite, entram na corrente sanguínea.
Um caso conhecido foi do falecido ator Luiz Gustavo, que ficou internado na UTI por mais de um mês devido a uma infecção cardíaca. O ator deu entrada no hospital com uma bactéria altamente letal, que se instalou no coração por causa de uma endocardite. Outro caso, desta vez que levou a óbito, foi do ala-armador do Internacional/Santos, Laurence Young, que atuou vários anos no basquete brasileiro. A causa da morte foi endocardite, originada de uma infecção bucal.
Sinais e vulnerabilidades
De acordo com Marcelo Kyrillos, cirurgião-dentista da clínica Ateliê Oral, embora casos graves sejam raros em pacientes saudáveis, a recomendação é dar atenção especial à escovação e tornar obrigatório para si a visita ao dentista a cada seis meses. Caso contrário, segundo o especialista, as bactérias da boca podem se aproveitar de pequenos ferimentos na gengiva, seguir para a corrente sanguínea e se instalar no coração.
Para ele, o primeiro sinal de alerta é o sangramento gengival. “Em uma boca saudável, as gengivas não sangram durante a escovação ou no uso do fio dental. Esses sangramentos podem indicar a presença de doenças periodontais, que facilitam a entrada de bactérias na corrente sanguínea, aumentando o risco de infecções como a endocardite infecciosa”, explica.
Outro alerta é para pessoas com problemas cardíacos, sobretudo com prolapso de válvula mitral ou com doenças cardiovasculares crônicas, que são mais suscetíveis. De acordo com o dentista, casos mais frequentes também acontecem com pacientes que possuem implante e próteses em virtude da perda dos dentes pela má higiene bucal. Quando ocorre a má higiene da prótese há uma retenção de bactérias, que inflamam o periodonto por ficarem na boca por muito tempo e, pelo periodonto inflamado, entram no corpo.”, enfatiza.