O Instituto Oswaldo Cruz (IOC), parte da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), foi selecionado para conduzir uma etapa crucial no desenvolvimento da primeira vacina contra a hanseníase. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou, nesta segunda-feira (14), o início dos testes clínicos em humanos. Se bem-sucedida, a vacina pode ser distribuída gratuitamente no Brasil, trazendo uma solução inédita para a saúde pública.
Desenvolvida pelo Access to Advanced Health Institute (AAHI), dos Estados Unidos, a vacina LepVax usa tecnologia de subunidade proteica e mostrou resultados promissores em testes pré-clínicos. Agora, com 54 voluntários brasileiros, o objetivo é avaliar seus efeitos em um país que ainda apresenta alta transmissão da doença. Em 2023, o Brasil registrou 22.773 novos casos de hanseníase, sendo o segundo país com mais infecções, atrás apenas da Índia.
A chefe do Laboratório de Hanseníase do IOC/Fiocruz, Roberta Olmo, ressaltou a importância da vacina para o controle da doença: “A LepVax pode ser um grande avanço nas metas de eliminação da hanseníase como problema de saúde pública”. Além de profilática, a vacina tem potencial terapêutico.
O estudo clínico no Brasil também investigará a segurança e imunogenicidade da vacina em doses baixas e altas. Os participantes, com idades entre 18 e 55 anos, serão monitorados por um ano após receber três doses.
O projeto conta com o apoio do Ministério da Saúde e parcerias internacionais, como a American Leprosy Missions e o fundo japonês GHIT. A vacina está sendo vista como um marco no enfrentamento da hanseníase, doença ainda associada a condições de pobreza e exclusão social no país.