9 de dezembro de 2024
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Câncer de pulmão: pesquisa sugere grupo ideal para rastreio no Brasil

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O câncer de pulmão, uma das principais causas de morte no mundo, continua a ser tema de debate na oncologia. A dificuldade em sua detecção precoce é um dos grandes desafios, uma vez que a enfermidade frequentemente avança silenciosamente, sendo geralmente identificada em estágios avançados.

O tema do rastreio do câncer de pulmão foi discutido amplamente por médicos, que apresentaram argumentos a favor e contra a criação de um protocolo específico para fumantes. Os defensores da iniciativa sugerem que a identificação precoce por meio de tomografias computadorizadas poderia facilitar diagnósticos e tratamentos mais eficazes. Em contrapartida, críticos alegam que a proposta seria financeiramente insustentável, uma vez que o grande número de fumantes sobrecarregaria o sistema de saúde com exames que poderiam revelar poucos casos de câncer.

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Recentemente, uma pesquisa foi divulgada no Congresso de 2024 da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), propondo um caminho para alcançar um consenso sobre o tema.

A pesquisa identifica um grupo ideal para o rastreio de câncer de pulmão, consistindo em indivíduos com idade entre 50 e 80 anos, com histórico de alto consumo de cigarros, que tenham interrompido o vício há menos de 15 anos ou ainda estejam fumando. Para estes pacientes, recomenda-se a realização de tomografias computadorizadas periódicas para avaliação de possíveis tumores.

Os fumantes de alto consumo são definidos como aqueles que superam 20 anos-maço, que se calcula multiplicando a média diária de cigarros fumados pelo número de anos de vício. Por exemplo, uma pessoa que fumou 20 cigarros diariamente durante 40 anos, teria um total de 20 anos-maço.

“Estabelecer um método de rastreio para essa população poderia reduzir a mortalidade do câncer de pulmão em 20%”, afirma a oncologista Clarissa Baldotto, presidente do Grupo Brasileiro de Oncologia Torácica (GBOT) e uma das autoras do estudo. A pesquisa sugere que a avaliação regular por tomografia deve ser realizada anualmente para este grupo prioritário.

O estudo aponta que a custo-efetividade do rastreio nesta população seria entre 5 e 15 mil reais menor na média de custo por paciente em comparação ao modelo atual, onde os exames são realizados apenas quando surgem sintomas. Atualmente, apenas 10% dos diagnósticos de câncer de pulmão ocorrem em estágios iniciais, mas a pesquisa sugere que com a abordagem ativa, até 50% dos diagnósticos poderiam ser feitos precocemente.

Os pesquisadores consideram que a melhoria na qualidade de vida dos pacientes e a redução de custos associados ao tratamento de tumores em fase inicial justificariam o investimento no rastreio. No entanto, a líder do estudo observa que é necessário reconsiderar como a sociedade trata indivíduos fumantes, pois muitos enfrentam estigmas relacionados à condição.

O modelo proposto pela pesquisa foi inspirado em práticas de rastreio em países como Estados Unidos e Canadá, desenvolvido em colaboração com a Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT) e a Sociedade Brasileira de Cirurgia Torácica (SBCT), com apoio financeiro da farmacêutica Roche.

Apesar da defesa em torno do protocolo proposto, não há consenso na comunidade médica. O oncologista Roberto de Almeida Gil, diretor-geral do Instituto Nacional de Câncer (INCA), considera que a abordagem poderia ser excessivamente onerosa e colocar pressão adicional sobre o sistema de saúde. Ele ressalta que estratégias como a luta contra o tabagismo e a proibição do uso de vapes são igualmente cruciais para a redução da mortalidade por câncer de pulmão.

 

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