Anderson Varejão é nome certo em qualquer lista dos jogadores mais carismáticos do basquete. Dentro ou fora do País. Mas a vasta cabeleira e o sorrisão estão sumidos. Ou melhor, só têm sido vistos nas postagens nas redes sociais do ala-pivô. Enquanto o mundo combate a pandemia do novo coronavírus, o capixaba de 37 anos curte a vida de pai, uma novidade na sua carreira. E estuda convites da NBA, Europa e do Brasil.

O carisma de Anderson é inegável. Aliado à raça que sempre demonstra em quadra, vira receita de sucesso. Foi assim pelo Barcelona (Espanha), seu primeiro desafio fora do País. Depois, a fórmula deu certo também pelo Cleveland Cavaliers (EUA), onde ganhou até uma noite dedicada somente a ele, com fãs usando perucas que imitavam o cabelo do gigante. E no Golden State Warriors, numa passagem mais curta, mas que lhe rendeu o anel de campeão da NBA na temporada 2017/18.
Já no Brasil, o ala-pivô revelado pelo Saldanha da Gama conseguiu destaque por Franca (SP) no início da carreira. E voltou para ser campeão do Novo Basquete Brasil (NBB) pelo Flamengo na temporada 2018/19, em junho do ano passado. Feliz pela conquista pelo clube do coração, não renovou contrato e também não escondeu a mágoa com os dirigentes rubro-negros, que propuseram uma redução de 70% no seu salário para a renovação.
Afinal, por onda anda o ídolo? O blog Papo do Dias conta para você agora.
Papo do Dias: Por onde você anda e o que tem feito para aguentar a quarentena?
Anderson Varejão: Estou em Cleveland, com a minha esposa e a minha filha, que nasceu há algumas semanas. Estamos ainda respeitando o isolamento, saindo apenas para o que é essencial e tomando todos os cuidados. Tenho aproveitando o máximo que posso para curtir a minha filha. É um momento complicado o que estamos vivendo como mundo hoje, mas está sendo muito bom poder estar ao lado delas
O período de quarentena coincidiu com o nascimento da sua filha, Serenee, em abril. E acabou permitindo que você viva cada momento, o que seria improvável com campeonatos em andamento. Está se dando bem nesse início de “carreira” como pai?
Está sendo maravilhoso. Cada dia uma novidade. É a minha primeira filha, então, estava ansioso, numa expectativa grande pelo nascimento. Curtimos muito a gravidez, quis ficar ao lado da minha esposa ao longo de todo esse período para ajudar, estar junto, por perto, porque cada momento é especial. Ainda estou aprendendo a ser pai, é novidade, estou muito feliz.
Por outro lado, a pandemia adiou torneios importantes e deixou muitas incertezas no ar. Para a seleção brasileira, por exemplo, havia um Pré-Olímpico pela frente! O adiamento dos Jogos de Tóquio para 2021 mudam seus planos de alguma forma em relação a defender a seleção brasileira?

Acho que o adiamento foi a decisão mais acertada. Não tinha como ser diferente. É uma questão de saúde, de respeito às vidas. Tenho conversado com o Petrovic (Aleksandar Petrovic, técnico da seleção brasileira), estava me preparando para o Pré-Olímpico até que veio a pandemia. Agora, vamos ver como as coisas vão caminhar.
“Não sei o que vai acontecer agora, tenho vontade de jogar mais um ano, mas vamos ver”.
Anderson Varejão
Com qual camisa veremos o Anderson Varejão no retorno às quadras? No Brasil ou nos EUA?
Tive propostas do Brasil, de equipes da Ásia, Europa e NBA. Isso me deixou muito feliz. Fiz uma opção de ficar fora das quadras nesta temporada para acompanhar a minha esposa até o nascimento da minha filha. Não sei o que vai acontecer agora, tenho vontade de jogar mais um ano, mas vamos ver.
De novato quando chegou à seleção, no início dos anos 2000, ainda com seu irmão Sandro em ação, agora você é a referência — ou uma das referências. Como é abrir portas para nomes como o Didi?
Fico feliz em poder ajudar os mais jovens, devolver para eles o que o basquete e aqueles que me ajudarem me deram no passado. Didi é um garoto que tem muitas qualidades, tem vontade, determinação e entende do jogo. Tenho certeza de que ele vai voar alto no basquete.
E a “mentoria” com sua sobrinha Izabel (20 anos e 1,95m), pivô da Universidade de Michigan?
A Izabel está crescendo muito, assisti a jogos dela aqui nos Estados Unidos e tenho muito orgulho. É uma menina de cabeça boa, talentosa e focada, que treina duro para evoluir o seu jogo e realizar os seus sonhos. Estarei ao lado dela para tudo o que ela precisar, para dar dicas, conselhos e apoio, sempre foi assim dentro da nossa família e ela é a nova geração dos Varejão. Torço muito para que ela conquiste tudo que almeja.
Foto principal: João Pires/LNB







