Provavelmente sua primeira reação vai ser responder “COVID”, ou se você entende que a Covid-19 já não ocupa esse status, vai dizer que são problemas cardíacos, pois bem, ambas as respostas estão incorretas.
Existe uma condição de saúde responsável por 80% dos afastamentos do trabalho no mundo, altamente incapacitante, que gera bilhões de dólares em gastos com medicamentos, cirurgias e reabilitação todo ano, essa condição é denominada Dor Lombar Crônica.
Para a maior parte do grande público, Dor ainda pode ser entendida como um sintoma, porém a Dor já é classificada como doença há pelo menos 3 décadas.
Essa mudança de posto na hierarquia das condições se deu pelo grande avanço da ciência no entendimento do que é a dor lombar crônica.
Vamos aos fatos….
As causas para diagnóstico da dor lombar crônica vão muito além dos exames de imagem, me arrisco a dizer que, devido a má utilização, o exame de imagem mais atrapalha do que ajuda ultimamente.
Para que o leitor que nos acompanha entenda melhor vou exemplificar.
Se você sente dor localizada na coluna, que NÃO se espalha para a perna, que NÃO altera seus reflexos e sua sensibilidade, muito provavelmente você não tem dor no ciática, porém se vc tiver 50 anos e fizer uma ressonância magnética terá 60% de chance de ter uma hérnia de disco presente no resultado do seu exame, e é aí que mora o perigo.
Ter uma hérnia no resultado do seu exame complementar não permite que nós possamos estabelecer uma relação de causa e efeito entre a sua dor lombar e o exame de imagem, justamente porque a dor provocada pela hérnia seria aquela onde há um espalhamento para a perna, com sensação de queimação, dormência, alteração dos reflexos e fraqueza, o que não acontece em mais de 90% das pessoas que sentem dor lombar crônica.
No entanto, a tendência é que você coloque a causa da sua dor na conta da hérnia de disco, que por sua vez pode estar presente no seu exame meramente por uma questão do desgaste natural causado pelo envelhecimento.
Sim, nós envelhecemos por dentro, nossas articulações se desgastam, nossos ossos, nossos tendões e cartilagens também passam por um processo de desgaste, assim como nossa pele.
Fatores de risco
Na grande parte das vezes o paciente quer uma causa única para justificar a sua dor, quando na verdade a ciência nos mostra que a dor é um fenômeno que depende muito mais dos nossos comportamentos do que da integridade dos nossos tecidos.
Pessoas sedentárias, que dormem mal, que tem dificuldade em lidar com estresse, ansiedade, depressão, que tem medo de se movimentar, tem muito mais chance de experimentar a dor lombar crônica do que quem senta mal na cadeira por exemplo, do que quem trabalha como estivador.
Isso ocorre porque a dor é uma resposta produzida pelo nosso cérebro e essa capacidade de responder pode ser afetada fazendo com que as pessoas sintam dor mesmo sem ter uma lesão como causa, mesmo sem uma inflamação na região.
Por isso os pacientes com dor são tratados com antidepressivos ou medicamentos que deprimem o sistema nervoso central como a pregabalina por exemplo.
Para combater essa pandemia é preciso que a população se conscientize que existem vários remédios gratuitamente disponíveis, são eles o exercício físico regular, alimentação saudável, noites de sono bem dormidas, e estilos de vida menos estressantes.
A cura da dor lombar crônica é dependente da mudança de comportamento da sociedade atual, enquanto isso não acontecer, veremos um farmácia nova em cada esquina todo dia.
Exatamente o que sempre tive como premissa, dores podem ser reação do cérebro a várias formas de conduzirmos inadequadamente nosso estilo de vida. O corpo precisa de atividade, descanso, alimentação, lazer.