As Otites estão entre as patologias mais comuns da rotina do Médico Veterinário Clínico de Pequenos Animais. Otite é o termo genérico utilizado para um processo inflamatório que envolve a orelha.
Podemos classificar as otites de acordo com a duração (aguda ou crônica), com a porção anatômica acometida (externa, média e interna) e quanto ao seu comprometimento (unilateral ou bilateral).
A grande diferença entre o quadro agudo e crônico é o período de duração da doença:
A otite aguda é caracterizada por presença de sinais clínicos por menos de 6 semanas, já a otite crônica é caracterizada pela presença de sinais clínicos por 3 meses ou mais. Também existem as otites recidivantes, que ressurgem após o tratamento.
A otite crônica possui maior duração, então o quadro da doença tende a ser mais persistente e destrutivo, causando uma série de complicações anatômicas e funcionais caso não seja tratada adequadamente, pois a orelha apresenta tanto função auditiva quanto de equilíbrio.
Local da lesão
Também podemos classificar a otite quanto a localização da lesão. A otite externa ocorre no epitélio que reveste o conduto auditivo externo, a otite média acomete o chamado ouvido médio e geralmente decorre de uma otite externa crônica que não foi tratada e evolui o quadro inflamatório, podendo promover a ruptura do tímpano e atingir as orelhas média e interna.

Além disso, também podemos classificar as otites em unilateral – quando acomete apenas uma orelha, ou bilateral – quando acomete ambas as orelhas.
Essas classificações são de extrema importância para um diagnóstico preciso.
Canal auditivo dos animais
O canal auditivo dos animais é diferente do que dos humanos. Os animais possuem o canal auditivo bem comprido e em formato de “L”.
Embora algumas raças de gatos tenham predisposição às otites – como as raças Scottish Folf e Curl Americano, sua prevalência é muito maior em cães, uma vez que a anatomia da orelha dos felinos é, comparativamente à desses, menos favorável às infecções.
Por outro lado, os gatos são mais propensos a desenvolver infecções no ouvido médio secundárias a doenças do trato respiratório superior ou sinusite crônica.

Propensão
As raças de cães com orelhas longas e caídas e com pelos abundantes, como o Cocker Spaniel, Basset Hound, Beagle, Shih-tzu, entre outras, são mais propensas a desenvolver quadros de otite, pois tais características dificultam a entrada de ar e secagem adequada da orelha, que favorece um ambiente quente, úmido e escuro, propício para proliferação de microorganismos.

Dessa mesma forma, animais que ficam em contato constante com ambientes úmidos ou que nadam frequentemente, também estão mais predispostos ao desencadeamento do quadro.
Corpos estranhos no canal auditivo dos animais também pode ser o motivo da ocorrência de um quadro de otite, portanto, cães de caça e que possuem acesso a parques públicos, jardins e gramados, estão mais propensos.
Cães com dermatite também são mais propensos a terem otite, pois a pele do ouvido é uma extensão da pele do corpo.
Sintomas
As principais manifestações clínicas mais comuns da otite são a coceira, balançar de cabeça frequente, vermelhidão e inchaço nas orelhas, dor a palpação e presença de secreção nos ouvidos, podendo ter um mau odor característico.

Fique atento aos sintomas e leve seu animal ao Médico Veterinário imediatamente ao perceber qualquer um desses sinais clínicos. E principalmente, não automedique seu animal.
A maioria dos medicamentos possui ação anti-inflamatória e por isso irá amenizar os sintomas. Mas não necessariamente irá tratar a causa base corretamente, o que pode levar a uma otite crônica, que retornará com mais intensidade.
Prováveis causas
As infecções podem ser bacterianas, quando causadas por bactérias; fúngicas, quando causadas por fungos; parasitárias, quando causadas por ácaros, e para cada uma delas, o tratamento é diferente. Portanto, é de extrema importância realizar os exames complementares que o Médico Veterinário solicitar.
Um exame muito eficaz é a citologia otológica, no qual é possível diagnosticar os microorganimos presentes no ouvido do animal.

Além da citologia otológica, existem outros exames como cultura e antibiograma, exames de imagem, exame parasitológico, entre outros. A necessidade de cada exame complementar vai estar baseada no histórico do paciente, aliado ao exame físico geral e ao grau de inflamação, de acordo com isso o veterinário irá solicitar os exames que melhor atendem aquele caso.
A finalidade é que seja possível prescrever a melhor solução para o tratamento adequado do seu animal, evitando possíveis recorrências e agravamento do quadro.







