Responsável por 51% dos casos de cegueira no mundo, o que representa 20 milhões de pessoas, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), e de acordo com a Sociedade Brasileira de Oftalmologia (SBO), cerca de 720 mil novos casos surgem no Brasil por ano, o mês de agosto é marcado pela campanha “Agosto Cinza”, dedicada à conscientização sobre a catarata.
A iniciativa tem como objetivo alertar a população sobre a importância do diagnóstico precoce e o tratamento adequado para garantir a saúde dos olhos e a qualidade de vida.
De acordo com o médico oftalmologista Ricardo Queiroz, do Centro Capixaba de Olhos (CCOlhos), estima-se que entre 15 e 17 milhões de brasileiros convivam com a catarata. No Espírito Santo, esse número varia entre 250 e 270 mil pessoas.
Apesar dos avanços na oferta de procedimentos, os números ainda estão aquém do necessário: realizam-se anualmente entre 600 e 650 mil cirurgias de catarata no Brasil, somando tanto o setor público quanto o privado. No Espírito Santo, são feitas cerca de 24 mil cirurgias por ano. Para atender à demanda e evitar o acúmulo de novos casos, o ideal seria realizar pelo menos 720 mil procedimentos cirúrgicos por ano em todo o país.

- O que é a catarata?
A catarata é uma condição oftalmológica caracterizada pela opacificação do cristalino, a lente natural do olho, que fica localizada atrás da íris e é responsável por focalizar a luz na retina. Com o passar do tempo, essa lente pode se tornar turva, resultando em uma visão embaçada ou nublada, dificultando atividades cotidianas como ler, dirigir ou até mesmo reconhecer rosto.
Segundo o oftalmologista Ricardo Queiroz, do Centro Capixaba de Olhos (CCOlhos), a catarata é geralmente associada ao envelhecimento natural, sendo mais comum em pessoas acima dos 60 anos. “Mas não é uma doença exclusiva dos idosos, podendo ocorrer em diferentes faixas etárias, e fatores, além da idade, que podem contribuir para o desenvolvimento da condição”, alerta o profissional.
Alguns fatores de risco também contribuem com o aparecimento e evolução da catarata, como tabagismo; alcoolismo; uso de certos medicamentos (corticóides), exposição excessiva ao sol e radiação ultravioleta. A doença também pode aparecer de maneira unilateral, apenas em um dos olhos, e esse caso é comum de forma secundária a outra doença ocular.
Sintomas
A catarata é identificada somente nas consultas de rotina quando o oftalmologista examina a estrutura interna dos olhos. De acordo com Ricardo Queiroz, os sintomas iniciais são a visão embaçada, a falta de nitidez e dificuldade na leitura. Também é comum que a visão se torne sombreada e com muita sensibilidade à luz. A pessoa também pode ter a percepção de que as cores estão ficando desbotadas e sem vida e as imagens podem parecer distorcidas.
Tratamento da Catarata: acesso, cirurgia e recuperação
Uma vez diagnosticada, a catarata deve ser tratada o quanto antes, a fim de evitar a progressão da perda visual e o impacto significativo na qualidade de vida do paciente. Atualmente, não existe tratamento clínico eficaz para a catarata, sendo a cirurgia a única forma comprovada de remoção da opacidade do cristalino.
A cirurgia pode ser realizada em qualquer faixa etária, com particularidades nos casos de catarata congênita ou infantil. O procedimento é feito em centro cirúrgico, com o uso de um aparelho que fragmenta a catarata em pequenas partículas, as quais são então aspiradas. Em seguida, é implantada uma lente intraocular, que substitui o cristalino natural e pode, inclusive, corrigir o grau refracional do paciente.
A recuperação costuma ser rápida — entre 1 e 2 semanas na maioria dos casos —, embora dependa de fatores como a técnica utilizada, o tempo de cirurgia e a resposta individual. Durante o pós-operatório, é essencial seguir corretamente a prescrição médica, que normalmente inclui o uso de colírios antibióticos e anti-inflamatórios por cerca de 30 dias.
Prevenção: é possível retardar o aparecimento da catarata?
Embora não seja possível evitar completamente o surgimento da catarata — especialmente a relacionada ao envelhecimento —, é possível retardar seu desenvolvimento com hábitos saudáveis. Entre as principais medidas preventivas estão:
• Usar óculos com proteção UV, para proteger os olhos da radiação solar;
• Manter uma alimentação rica em antioxidantes, especialmente com alimentos que contenham vitamina C, vitamina E, luteína e zeaxantina;
• Controlar doenças crônicas, como o diabetes, que acelera o surgimento da catarata;
• Evitar o tabagismo e o consumo excessivo de álcool, fatores associados à maior incidência da doença.
• Manter consultas regulares com o oftalmologista também é essencial para o diagnóstico precoce e o acompanhamento da saúde ocular ao longo da vida.
 
	    	 
		    






