O Espírito Santo é a terceiro estado do País com o maior número de cervejarias por habitantes. O Anuário da Cerveja, divulgado pelo Ministério da Agricultura e Pecuária, na última semana, aponta que há uma cervejaria para cada 59.544 pessoas.
O número de cervejarias registradas teve um aumento de 475%, saltando de 12 para 69 estabelecimentos, entre 2020 em 2022, deixando o Estado atrás apenas de Santa Catarina (34.132) e Rio Grande do Sul (36.989).
Outro dado importante revelado no anuário, que traduz o panorama do mercado de cervejas artesanais, é a diversificação da produção.
O empresário Edgard Oliveira atua como cervejeiro profissional desde 2012, à frente da Cervejaria Alquimistas e a fábrica está lançando a primeira cerveja sem álcool, produzida no Espírito Santo.
Segundo ele, a marca já tem 30 rótulos registrados, que vão desde os tipos mais tradicionais, como a pilsen, passando pelo chopp de vinho e pelos coolers de frutas.

“O interessante de mencionar é que a cerveja sem álcool não é 100% sem álcool. A legislação brasileira permite que contenha 0,5%. Mas esse teor é muito baixo. Para alcançar o mesmo teor alcóolico de uma latinha de cerveja, por exemplo, seria necessário beber 10 copos de 500 ml. Para se chegar a esse resultado no processo, basicamente, o cervejeiro não processa os açucares em algumas etapas da produção e usam levedura, que é o que dá sabor e aroma, de baixa fermentação”, explicou.

Ele acredita que o mercado está crescendo e o capixaba está se tornando cada vez mais um apreciador de cerveja.
“Nosso mercado cervejeiro demorou mais para crescer do que no resto do Brasil, mas isso teve um resultado positivo, pois tivemos referência e erramos menos ao longo do processo. O consumidor da minha marca quer qualidade. É um público que busca qualidade. Embora alcancemos a todas as faixas etárias, nosso cliente é predominantemente o público masculino com mais de 40 anos”, comentou.
Para ele, o mercado passa por incertezas.
“Paralelos aos acontecimentos do país, a mudança na cobrança de impostos pode ser prejudicial, mesmo que estejamos otimistas com a possibilidade de alavancar o setor. Os cálculos de impostos específicos para bebidas precisam levar em consideração a diferença entre o que é produzido artesanalmente e o que é industrial”, avaliou.

O empresário disse que o setor está se unindo no Estado, em busca de orientação para explorar o crescimento do mercado cervejeiro e o destaque nacional da produção capixaba.
“Temos cervejarias premiadas dentro e fora do País. A associação do segmento realiza um concurso estadual que visa estimular a melhoria técnica das cervejarias, para que se apresentem fora daqui com um bom padrão de qualidade”, pontuou.
Edgard acredita que ainda falta apoio do poder público estadual para que a cerveja produzida no Espírito Santo possa se consolidar como um produto forte da economia local. Ele sugere, por exemplo, a criação de novas rotas cervejeiras, não só no interior, mas na região Metropolitana.
“A Agência de Desenvolvimento das Micro e Pequenas Empresas e do Empreendedorismo (Aderes), também oferece apoio em eventos, abrindo espaço para as cervejarias. O Governo do Estado negociou recentemente um convênio com a Secretaria de Estado da Fazenda, para um imposto de substituição tributária menor. O ambiente é bom, mas tem umas lacunas e estamos trabalhando para conseguir novas formas de ajudar o setor e o consumidor capixaba”, concluiu.
Conexão Cerveja Brasil
A Associação Brasileira de Cerveja Artesanal vai realizar entre 25 a 30 de julho, em Vitória, o Conexão Cerveja Brasil, um projeto que acontecerá nas cinco regiões do país agregando empresários, profissionais, representantes do poder público e consumidores de cerveja artesanal.
O projeto é composto pelo Congresso Cerveja Brasil, com conteúdos técnicos e institucionais; 3ª Copa Cerveja Brasil, concurso cervejeiro em inédito formato nacional por regiões, e eventos nas cervejarias em cada cidade-sede.

	    	
		    






