Uma pesquisa do Instituto Sonho Grande encontrou diferença clara no desempenho dos estudantes de escolas estaduais que oferecem ensino médio em tempo integral (EMI) no Enem 2024. Essas escolas, que têm carga horária diária de pelo menos sete horas ou 35 horas semanais, apresentaram resultados superiores em comparação às de turno parcial.
O destaque fica com a redação: alunos de escolas com ensino integral tiveram, em média, 12 pontos a mais. Em instituições nas quais 100% das matrículas são nessa modalidade, a diferença alcança 27 pontos. Na prova de matemática, o resultado também foi melhor—com uma vantagem de até 5 pontos.
No Nordeste, região com maior proporção de matrículas em tempo integral (como Pernambuco, Ceará, Paraíba, Piauí e Sergipe), a diferença média no Enem chega a 18 pontos. Na redação, esse abismo se amplia para 48. Em Pernambuco, escolas 100% integrais superaram em 68 pontos; no Ceará, essa diferença chegou a impressionantes 134 pontos. Além disso, 98 das 100 escolas cearenses com melhor desempenho no Enem oferecem integral.
Outro estudo, realizado pelos economistas Naercio Menezes Filho e Luciano Salomão com apoio do Instituto Natura, mostra que alunos de escolas com ensino integrado têm 16,5% mais participação no Enem e alcançam 29 pontos a mais em redação, considerando dados de 2017 a 2019.
Para o Instituto Sonho Grande, esses dados indicam que o ensino integral não apenas promove aprendizado melhor, mas também amplia acesso ao ensino superior e ao mercado de trabalho qualificado. Estudos apontam ainda benefícios sociais, como redução da violência, gravidez na adolescência, desnutrição e transtornos de comportamento.
No entanto, avançar na expansão desse modelo enfrenta desafios como: garantir financiamento público contínuo, oferecer apoio a estudantes economicamente vulneráveis (como pelo Programa Pé-de-Meia), e promover reorganização das redes estaduais de ensino.
O Programa Escola em Tempo Integral, lançado pelo MEC em 2023, visa cadastrar até 2026 cerca de 3,2 milhões de novas matrículas nessa modalidade, ampliando jornada pedagógica e apoio técnico-financeiro a estados e municípios para fortalecer o modelo como política pública estruturada.
 
	    	 
		    






