O Campeonato Carioca de 2020 já seria lembrado de forma diferente por conta da paralisação forçada pela pandemia de Covid-19. Ficou ainda mais manchado pela forma como o seu retorno foi definida, sem unanimidade entre os clubes e com a tal curva da doença ainda lá no alto. Para piorar, Flamengo e Ferj rasgaram o protocolo Jogo Seguro no recomeço da competição.
O tal protocolo foi usado como argumento para o retorno — apressado, diga-se de passagem — do Carioca. Só que deveria ser seguido à risca, até para provar que eles, os dirigentes que defenderam a retomada da competição, estavam certos.
Não foi o que aconteceu na noite de quinta-feira no Maracanã, ao lado do hospital de campanha onde morreram duas pessoas no mesmo dia, vítimas do novo coronavírus.
No sexto item do protocolo chamado Jogo Seguro Fase II, há a obrigação do uso de máscara para “todos que se encontram entre suplentes e comissão técnica no banco de reservas”. Não foi o que aconteceu, já que os técnicos Jorge Jesus (Fla) e Eduardo Allax (Bangu) ficaram em pé, sem máscaras, à beira do campo.
Já os abraços e toques de mão são proibidos de acordo com o item 8 do protocolo, que também deixa claro que não é permitido “beijar bolas, abraçar e cumprimentar atletas do mesmo time e/ou do time adversário”. Também não funcionou como deveria, como mostra a foto abaixo.
“Ah, mas você quer que os caras não comemorem os gols?”. Eu não quero nada. Nem tenho que querer. Só destaco que a determinação para que não aconteçam cumprimentos, toques de mão e abraços está lá no protocolo. E não foi seguida.
A questão mais polêmica, no entanto, consta no item 9, que previa a concentração 48 horas antes dos jogos. O Flamengo não cumpriu o que estava determinado, não fez a concentração e, por isso, foi denunciado pelo Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro (Cremerj) ao Ministério Público, na quinta-feira. Ora, se a concentração era exigência do protocolo e não foi cumprida, no mínimo o jogo não poderia ter acontecido, pois coloca em risco os demais envolvidos no evento.
Mas o que fez a Ferj? Nesta sexta-feira (19), mudou o protocolo e publicou novo documento isentando os clubes da obrigação de concentrar 48h antes dos jogos, desde que sejam realizados os chamados testes rápidos para Covid-19… Assim, mudou a regra que ela mesmo defendia.
Homenagem
O massagista Jorge Luiz Domingos, o Jorginho, morreu no dia 4 de maio, vítima de Covid-19. Ele tinha 68 anos e trabalha no Flamengo há 40 anos. Jorginho foi homenageado no jogo contra o Bangu, com sua imagem aparecendo no telão do Maracanã.
Classificação
Ah, sim. Também teve jogo. O Flamengo venceu o Bangu por 3 a 0, com gols de Arrascaeta, Bruno Henrique e Pedro Rocha (o primeiro dele pelo time rubro-negro). Agora com 12 pontos, líder isolado do Grupo A, garantiu a classificação antecipada para a semifinal da Taça Rio.
Foto principal: Alexandre Vidal/Fla Imagem
