Você, certamente, já ouvir falar do Canal da Mancha. E também já leu ou viu reportagens sobre a travessia a nado do trecho de mar entre Inglaterra e França. E um capixaba está contando os dias (literalmente!), para botar a bandeira do Espírito Santo pela primeira vez na história do desafio. Marcio Junqueira, 47 anos, engenheiro, passou os últimos dois anos e meio se preparando para fazer a travessia no trecho entre Folkstone, na Inglaterra, e Calais, na França. Um percurso de 34km. Mas que pode aumentar durante o desafio.
“Em linha reta, são 34km. Pode chegar em qualquer praia ou pedra da região francesa. Mas essa distância vai variar de 34km para mais, devido às correntezas. Quanto mais condição adversa de correnteza, maior fica o percurso. Se o nadador não consegue quebrar essas correntezas, mais ele vai nadar”, explica Junqueira, em conversa com o Papo do Dias.
O primeiro brasileiro a atravessar o Canal da Mancha foi Abílio Couto em 1958. A ideia de fazer o desafio surgiu para Marcio Junqueira em 2018, depois que ele nadou os cerca de 36km da Travessia do Leme ao Pontal, no Rio, em janeiro daquele ano.
“Decidi atravessar quando consegui completar meu primeiro grande desafio, do Leme ao Pontal, em janeiro de 2018. Senti a necessidade de ter um outro desafio, que me forçasse a treinar, a ter qualidade de vida. Surgiu o sonho do Canal da Mancha. Devo nadar na faixa de 3,5 km/h, acho que vou fazer entre 12 e 13 horas o percurso”, calcula o capixaba.
Embarque
A janela de nado do Canal da Mancha fica aberta de 27 de julho a 3 de agosto. Mas ainda depende de reuniões que têm acontecido com frequência entre a associação do canal e autoridades francesas por causa do coronavírus. “Hoje, ainda não pode chegar nadando na França. Estou esperando essa definição para bater o martelo”, conta Marcio, que viaja no dia 10 de julho para a Inglaterra, onde vai passar pelo período obrigatório de 14 dias de quarentena para quem chega de outros países.
“O Canal da Mancha é o Everest da natação!”, compara o nadador, citando o pico mais alto e desejado no mundo pelos montanhistas:
“Tenho história de jogador de basquete quando eu era criança, e passei para a natação em 2008, depois de passar por cirurgia de hérnia de disco! Então, tem uma superação por trás. Desde 2018, eu nado no mar. Já disputei praticamente todas as provas mais importantes do Brasil”.
A experiência em provas de longa distância é fator fundamental para completar o desafio. Porém, o que mais preocupa o nadador não é a quilometragem, mas sim o frio.

“Na verdade, a principal dificuldade não é nem a distância, não. Já nadei distâncias semelhantes. Leme ao Pontal foram 11 horas, na Lagoa Juparanã foram com 26km e correnteza contrária… De sete, fomos para 10 horas de prova! Braçadas de Anchieta, mais de 10 horas. No meu ponto de vista, a dificuldade maior são as baixas temperaturas. A faixa é de 11º a 17ºC. Pode ser que eu pegue 18ºC… Pode ter hipotermia. Mas fiz treinamento em água fria em Petrópolis (RJ), com 16ºC. Já as fortes correntezas te jogam para um lado e para o outro. Quando chega à França, perto de conquistar o desafio, é o maior índice de desistência porque as correntezas são muito fortes e, às vezes, o nadador demora muito para vencer os 5km finais. Tem também muita água-viva e você também nada perto de navios. Mas temos assistência”.
Honra
Marcio Junqueira faz uma contagem regressiva em sua conta no Instagram. Também fez campanha de vendas de camisetas alusivas ao feito. Tudo pelo sonho de ser o primeiro capixaba a cruzar o Canal da Mancha.
“É uma honra para mim. Meu colega de treino, Cesar Saade, seria o primeiro. Mas teve uma falha no planejamento e não conseguiu segurar a data. Estou muito bem preparado, venho treinando para ele há dois anos e meio e tenho muita segurança em mim mesmo devido à boa preparação que fiz. Vai ser uma honra representar o nosso Estado, que tem muito potencial na natação. É uma responsabilidade. É um desafio que eu vou conquistar!”.
 
	    	 
		    






