O ministro Gilmar Mendes, a figura mais antiga do atual Supremo Tribunal Federal (STF), expressou sua profunda preocupação em relação à destruição ocorrida no plenário do Supremo em 8 de janeiro de 2023. Desde que assumiu o cargo em 2002, Mendes tem sido uma voz respeitada dentro do tribunal, e sua trajetória o tornou conhecido por sua habilidade em dialogar com diversos setores da sociedade, incluindo políticos e jornalistas.
Em uma entrevista recente, Mendes descreveu o impacto emocional que a devastação do STF causou, comparando a experiência a um momento de perda significativa em sua vida. O ministro revelou um “misto de revolta, vergonha e agressão” ao ver o prédio danificado, um espaço que representa grande parte de sua carreira. Durante a visita ao local após os eventos de vandalismo, ele não conseguiu conter as lágrimas, destacando a seriedade dos danos causados.
De acordo com o relatório da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) sobre os acontecimentos, o STF foi o mais afetado durante os atos de vandalismo que aconteceram nesse dia. Os custos para reparar os danos ao edifício e restabelecer seu conteúdo, incluindo obras de arte e equipamentos, totalizaram R$ 11,41 milhões, quantia superior aos gastos com os outros prédios envolvidos nos tumultos.
Mendes atribui a destruição à manipulação da opinião pública, afirmando que “há uma raiva intrínseca que foi manifestada nessas agressões”. Ele argumentou que a retórica que atribui os problemas do Brasil ao STF levou a uma legitimização desse vandalismo. O ministro destacou que a decisão do tribunal em defender a vacinação compulsória contra a covid-19, vista por muitos como um obstáculo à política de saúde do ex-presidente Jair Bolsonaro, foi mal interpretada, já que permitiu a implementação de uma política pública crucial durante a pandemia.
Na visão de Gilmar Mendes, a atuação do STF não apenas defendeu as normas de saúde, mas também pode ter salvado vidas, posicionando-se contra a disseminação de informações enganadoras e reforçando a importância da ciência em momentos críticos. O impacto das decisões do tribunal na gestão da pandemia é um aspecto que o ministro acredita ser frequentemente ignorado.
A situação enfrentada pelo STF em 8 de janeiro é vista por Mendes como um reflexo das tensões sociais e políticas atuais, relembrando a necessidade de diálogo e resiliência em defesa das instituições democráticas. A expectativa é que esse momento de crise sirva como uma oportunidade para reflexão e reforço da legitimidade das decisões judiciais.







