Muitas notícias sobre os posicionamentos e ações diplomáticas brasileiras vêm circulando em âmbito nacional, principalmente com a retomada do papel protagonista do Brasil no cenário internacional.
Porém, dado o contexto de polarização política e reestruturação da relação da sociedade civil brasileira com o Estado, essas notícias vêm recebendo um tratamento diferente daquele em acordo com a tradição de política externa brasileira.
Desde o governo Michel Temer (2016 – 2018), a política externa brasileira passou a ser posta como política de governo, sendo antes tratada como uma política de Estado – status esse que o novo governo tenta restaurar.

A tradição diplomática brasileira tem como um de seus aspectos o tratamento da política externa como uma política de Estado, isso é, algo desconexo de pautas ideológicas governamentais, sendo uma ferramenta do Estado como um todo – salvo exceções em dados momentos.
Essa postura vigorou pela grande maioria de nossa história e tornou o Brasil um agente importante na diplomacia global, principalmente pela nossa presença e contribuições através de organizações internacionais.

O desmonte iniciado por Temer foi, de início, uma tentativa de instrumentalização da política externa para a pauta econômica e comércio – reduzindo o número de diplomatas e embaixadas em nome da austeridade.
O governo Bolsonaro, por sua vez, incorporou a pasta para a ala ideológica de seu governo, abandonando e ferindo laços de cooperação históricos com o resto da América Latina e outros países do sul global, em troca de uma aproximação com países de governos com ideologias próximas às do ex-presidente.

Em seu terceiro governo, Lula tem recolocado o Brasil como um agente ativo de peso na geopolítica internacional, assim como antes do desmonte iniciado por Temer.

É interessante notar, no entanto, que há uma diferença tanto no cenário quanto na ambição de com o terceiro governo do petista em relação aos dois primeiros.
Isso é, com o desgaste político e econômico europeu e americano juntamente com a ascensão da China e Índia, o sul global tem passado a representar uma liderança maior do que aquela experimentada por Lula em seus outros governos.
Com a geopolítica aquecida muito ainda há de acontecer esse ano e posteriormente em relação ao Brasil e outros países.

Tomás Mota é graduando de Relações Internacionais e especializado em Política Internacional pela USP.
Envie suas dúvidas e sugestões de pautas para [email protected].
 
	    	 
		    






