A Organização das Nações Unidas (ONU) emitiu um alerta sobre a grave situação humanitária que se agrava em Goma, capital da província de Kivu do Norte, na República Democrática do Congo (RDC). O coordenador da ONU na região, Bruno Lemarquis, destacou que os recentes combates intensificados resultaram em uma crise humanitária que necessita de atenção urgente da comunidade internacional.
Goma, situada no norte da RDC, foi ocupada pelo Movimento 23 de Março (M23) após intensos confrontos que ocorreram no dia 27 de janeiro. Lemarquis expressou sua preocupação nas redes sociais, solicitando que o direito humanitário internacional seja respeitado e que a proteção dos civis seja priorizada por todas as partes envolvidas.
A capacidade de resposta humanitária em Goma está gravemente comprometida, com os hospitais superlotados e enfrentando dificuldades para atender à demanda. Entre 23 e 28 de janeiro, as unidades de saúde locais, com o apoio de organizações como Médicos Sem Fronteiras (MSF), o Comité Internacional da Cruz Vermelha (CICV) e a Organização Mundial da Saúde (OMS), trataram mais de mil feridos, muitos dos quais foram vítimas de disparos e explosões.
Além disso, os necrotérios da cidade estão cheios, e corpos estão sendo deixados nas ruas, aumentando o risco de doenças entre os sobreviventes. Informações de líderes da sociedade civil local indicam que, entre quarta e quinta-feira, foram recolhidos pelo menos 111 corpos de civis, rebeldes e soldados.
Lemarquis também denunciou saques em centros de saúde e armazéns, que afetaram seriamente a resposta humanitária ao comprometer o estoque de alimentos, medicamentos e equipamentos médicos essenciais. Os serviços básicos em Goma foram paralisados, com cortes na distribuição de eletricidade e água potável, forçando a população a utilizar água não tratada do Lago Kivu, o que aumenta o risco de epidemias, como a cólera.
O coordenador pediu uma “recuperação imediata e sustentada” das operações no aeroporto internacional de Goma, que atualmente está sob controle do M23. O grupo armado recomeçou suas atividades em novembro de 2021, atacando o Exército de Kinshasa e avançando até a capital da região, que abriga 2 milhões de habitantes.
A situação no leste da RDC é um reflexo de um conflito prolongado que se arrasta desde 1998, envolvendo milícias e o Exército, mesmo com a presença da missão de manutenção de paz da ONU (Monusco). A crescente crise humanitária em Goma é uma emergência que demanda ação e solidariedade internacional.
 
	    	 
		    






