Um novo levantamento da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostra um cenário alarmante: cerca de 840 milhões de mulheres no mundo já foram vítimas de algum tipo de violência física ou sexual, seja por parceiros íntimos ou por outras pessoas. Os dados representam quase um terço de todas as mulheres com 15 anos ou mais.
O estudo indica ainda que, apenas nos últimos 12 meses, mais de 300 milhões de mulheres sofreram violência praticada por seus parceiros. Entre adolescentes de 15 a 19 anos, o número também preocupa: milhões relatam agressões recorrentes dentro de relacionamentos.
Pela primeira vez, a análise também considerou casos de violência sexual cometidos por pessoas que não mantinham relação íntima com as vítimas. Mesmo assim, especialistas acreditam que a realidade pode ser ainda mais grave, já que grande parte das agressões não é registrada por medo, vergonha ou falta de apoio.
A OMS alerta que a violência contra mulheres é uma questão estrutural, profundamente enraizada em desigualdades sociais e de gênero. Segundo a entidade, nenhum país conseguirá atingir níveis reais de desenvolvimento enquanto metade da população continuar exposta a riscos tão severos.
Entre os impactos provocados por esse tipo de violência estão gravidez indesejada, infecções sexualmente transmissíveis, traumas psicológicos e quadros de depressão. Para a organização, serviços de saúde sexual e reprodutiva, além de redes de apoio social e jurídico, são fundamentais para acolher vítimas e prevenir novas ocorrências.
O relatório reforça a necessidade de ações urgentes por parte dos governos: fortalecer políticas públicas de prevenção, ampliar o acesso a atendimento especializado, garantir proteção legal e investir em programas que reduzam desigualdades e enfrentem a violência desde a infância e a adolescência.
