O ex-ministro da Segurança, Raul Jungmann, fez duras declarações sobre a atual situação da segurança pública no Brasil, afirmando que não basta apenas teorizar quando se está diante de criminosos fortemente armados. Em entrevista, ele afirmou que a política de segurança precisa equilibrar rigor e respeito aos direitos humanos, mas reconheceu que “há momentos em que é necessário o uso da força”.
Jungmann criticou a polarização política que envolve o tema da segurança, observando que o debate foi contaminado por interesses eleitorais. Ele ressaltou que a proposta recentemente enviada ao Congresso para a punição de líderes de facções criminosas é uma resposta a conceitos que, na sua avaliação, ficaram ultrapassados. Segundo ele, as organizações criminosas no Brasil não buscam mudar regimes ou ideologias, mas sim obter lucro — e são nesse objetivo que deve se centrar a resposta do Estado.
Para o ex-ministro, o sistema penitenciário e a política de drogas ainda são temas “interditados” no país, ou seja, pouco debatidos de forma séria. Ele alertou que prender sem oferecer recuperação ou reinserção social é “alimentar o ciclo” do crime organizado: “tira-se o bandido da rua para jogar-se dentro de presídios controlados por facções, e isso não resolve”.
Jungmann também defendeu a necessidade de coordenação nacional da segurança pública. Ele lembrou que, em outros países, existe uma polícia nacional atuando em conjunto com as locais, enquanto no Brasil cada estado age de forma isolada, o que dificulta o enfrentamento de redes que já atuam de forma transnacional.
O ex-ministro afirmou que a população exige paz, direito à vida e proteção — valores que também devem ser considerados no debate sobre segurança. Mesmo assim, ele argumentou que “não se encara com teorias um bandido armado com fuzil”, e que a realidade demanda ação efetiva, planejamento e instituição de políticas que combinem rigor e justiça social.
Foto: Pablo Valadares/Câmara dos Deputados







