Na data em que foi celebrado o Dia Nacional da Doação de Órgãos no Brasil, 27 de setembro, um dado preocupante chamou a atenção sobre a conscientização para doar órgãos: a cada dez famílias no Espírito Santo, 5 se recusam a doar órgãos de entes queridos, o que representa 50%.
Os dados são da Central Estadual de Transplantes (CET-ES).
A recusa no Estado é mais alta que a taxa nacional, em 2020, de acordo com dados do Ministério da Saúde, 37,2% das famílias se recusaram a doar órgãos de entes falecidos.
Para a coordenadora do CET-ES, Maria Machado, o cenário está longe de ser o ideal.
“Infelizmente nosso cenário não é muito bom. Como a gente trabalha com 50% de recusa, isso faz com que a nossa oferta seja pequena para atender o quantitativo de pacientes que nós temos listados”, destacou Maria Machado.
Apesar disso, a demanda por órgãos ainda é maior que a oferta. No estado, até agosto, a fila tem mais de duas mil pessoas na espera por um transplante.
De janeiro a agosto de 2023, o estado contou com 51 doadores efetivos. Foram captados 143 órgãos, sendo 80 transplantes realizados no estado: 45 de rim, 34 de fígado e 1 de coração.
Fila de espera
A lista de pacientes que aguardam um órgão no estado em 28/08/2023 possui:
- 3 pacientes aguardando um coração;
- 13 pacientes aguardando um fígado;
- 1.052 pacientes aguardando um rim;
- 970 pacientes aguardando córneas.
Para se tornar doador de órgãos após falecimento, é fundamental conversar com amigos e familiares e externar sua vontade. De acordo com Machado, não existe garantia de que a doação será realizada, mas o diálogo é o primeiro passo para efetivação da vontade do doador.
“Hoje não tem nenhum documento que garanta que, após o seu óbito, seus órgãos serão doados. Quem faz essa doação é a família, é de responsabilidade dela assinar o termo de autorização. O doador tem que deixar isso muito claro, para que, no momento certo, a família possa dizer sim”, ressaltou a coordenadora.
Famílias reforçam a importância
Para tentar incentivar a doação de órgãos, a Assembleia Legislativa do Espírito Santo (Ales) promove ação de conscientização para servidores e público em geral, com distribuição de adesivos e cartilha informativa.
A distribuição dos “stickers” é uma forma de comunicar e incentivar o diálogo com amigos e familiares sobre a vontade de ter seus órgãos doados após a morte. Isso porque a legislação brasileira em vigor determina que a família seja responsável pela decisão de doar ou não os órgãos de seu ente falecido.
Lista de espera
A Secretaria Estadual de Saúde (Sesa) informou que entre os fatores que influenciam no tempo de espera por um órgão estão a disponibilidade e a recusa da família do possível doador.
A lista de espera é organizada de acordo com o tempo de espera, tipagem sanguínea e gravidade do caso. Alguns pacientes podem ser colocados como preferencial devido à gravidade do quadro clínico. Nesse caso, os critérios são bem estabelecidos e predeterminados em portaria ministerial.
Além da recusa para doar órgãos, pacientes transplantados também precisam aguardar, após a cirurgia, para uma possível rejeição do órgão novo.
A Central Estadual de Transplantes (CET) explicou que a rejeição ocorre quando o sistema imunológico do receptor não reconhece o novo órgão ou tecido e inicia a produção de anticorpos.
Rejeição e tratamento
A rejeição está relacionada com o grau de compatibilidade entre o receptor e o doador. Quanto maior a compatibilidade, menores são as chances de rejeição e mais fácil será o tratamento caso o processo ocorra.
O tratamento para controlar a rejeição é realizado com medicamentos imunossupressores. O paciente pós-transplante é acompanhado pelo resto da vida pelo hospital que realizou o transplante.
Caso o órgão recebido não funcione, o paciente volta para a fila de espera, mas o órgão não pode ser aproveitado, pois a rejeição causa leões ao órgão recebido.
Quando não há compatibilidade com os pacientes listados no estado, o órgão é ofertado a pacientes de outros estados.
O estado possui câmaras técnicas de transplante de córnea, coração, fígado e rim. Cada uma possui membros especialistas das áreas e da Central Estadual de Transplante.







