O uso de lentes de contato inspira cuidados e para alertar a população sobre os graves problemas provocados pelo seu uso incorreto foi criada a campanha Setembro Safira. O nome vem do significado da pedra preciosa safira, pedra da sabedoria. De acordo com a Sociedade Brasileira de Lentes de Contato Córnea e Refratometria (SOBLEC), cerca de 8,4 milhões de pessoas usam lentes de contato no Brasil.
Para a oftalmologista Liliana Nóbrega, Membro da Sociedade Brasileira de Lentes de Contato (Soblec), os médicos oftalmologistas devem educar a população quanto ao uso correto das lentes de contato e como o uso inadequado pode provocar doenças oftalmológicas. “A gente observa muito uso inadequado de lentes de contato, pessoas que dormem, que usam muito mais do que o tempo recomendado, e isso traz um sério prejuízo à saúde ocular. As consequências do uso inadequado vão das alergias, óleo seco, infecções, infecções na córnea, até casos muito mais graves como perda de visão”, alerta.
Segundo Ricardo Queiroz, oftalmologista do Centro Capixaba de Olhos (CCOlhos), atualmente existem lentes de contato para todos os problemas de vista: miopia, astigmatismo, hipermetropia e presbiopia (vista cansada). “Para casos especiais, contamos com lentes fabricadas sob medida, promovendo uma excelente reabilitação visual em casos complexos como Ceratocone, pós-transplante de córnea, pós trauma, pós infecções entre outros casos”, explica Queiroz.
Para iniciar o uso de lentes é fundamental ser avaliado pelo oftalmologista que irá realizar o exame oftalmológico e definir qual o tipo de lente mais adequado para cada paciente, bem como fornecer o treinamento e as orientações para o uso correto e seguro das lentes. Pessoas usuárias de lentes de contato precisam ser acompanhadas pelo médico periodicamente.
Além disso, não há restrição de idade, ou seja, qualquer pessoa pode usar lente de contato, desde que ela tenha condições de cuidar adequadamente. No caso de crianças, é necessário a liberação e supervisão dos pais.
As lentes são excelentes alternativas para reabilitação visual e muitas vezes evitam a necessidade de tratamento cirúrgico. O especialista alerta que há situações em que as lentes de contato são o único recurso para uma boa visão. “Em situações em que a córnea está muito irregular, como por exemplo astigmatismos irregulares pós trauma, infecções ou em casos de degenerações corneanas avançadas, os óculos não são capazes de fornecer uma visão satisfatória”.
Porque não ter medo de usar lentes de contato
O uso de lentes de contato além de gerar dúvidas, despertam receio em algumas pessoas. Mas não há motivo para temer. Eles são seguros e cada vez mais confortáveis, até mesmo as lentes rígidas quando bem adaptadas são bastante toleradas nos olhos.
Um dos receios é a lente de contato se deslocar e ficar presa “atrás dos olhos”. “Isso não acontece porque anatomicamente não é possível. No máximo elas podem se deslocar para debaixo das pálpebras, mas são facilmente removidas”, esclarece o oftalmologista Ricardo Queiroz.
Também não há risco das lentes de contato grudarem nos olhos. O máximo que pode acontecer é em caso de ressecamento das lentes gelatinosas elas ficarem um pouco mais presas, mas com uma boa lubrificação ocular resolve-se facilmente. E lentes de contato não arranharam os olhos. Essa situação ocorre caso não sejam adaptadas adequadamente ou manuseadas de forma incorreta.
Riscos mais comuns no uso incorreto das lentes de contato
O uso incorreto das lentes de contato e sem a orientação médica pode gerar alguns riscos. Saiba mais sobre os riscos mais comuns:
Infecção ocular: geralmente é resultado de cuidados inadequados com as lentes de contato, falta de higiene, não respeitar o tempo de troca por lentes novas, uso excessivo das lentes, não usar o produto indicado para limpeza e desinfecção recomendado.
Alergias: alguns pacientes podem ter alergia ao produto de limpeza e desinfecção das lentes. Uma vez identificada a causa, muda-se o produto ou mesmo o tipo de lente.
Hipóxia Corneana: A córnea precisa de oxigênio para se manter transparente e saudável. O uso inadequado das lentes pode diminuir a oxigenação (hipóxia) e causar edema (inchaço), desconforto e visão embaçada.
Abrasões corneanas: Pode ocorrer em caso de manuseio inadequado na hora de colocar ou remover as lentes dos olhos ou pela escolha de uma lente que não seja compatível com a anatomia corneana do paciente.
Cuidados durante o uso
Durante o uso das lentes de contato são necessários alguns cuidados essenciais para garantir a saúde dos olhos. O oftalmologista Ricardo Queiroz do CColhos, recomenda lavar muito bem as mãos com água e sabão (de preferência antibacteriano) e secá-las antes de tocar nas lentes.
Ao dormir, deve tirá-las (a não ser que haja indicação médica para uso noturno, no caso de lentes para tratamentos específicos), pois dormir com as lentes de contato aumenta a chance de infecção.
“Também é importante trocar diariamente o líquido dos estojos das lentes, nunca usar água de torneira para limpá-las e não as utilizar por mais horas do que o recomendado pelo oftalmologista e pelo fabricante”, reforça o oftalmologista Ricardo Queiroz.
E a especialista Liliana Nóbrega acrescenta: “Cada tipo de lente tem um produto de limpeza específico, lentes gelatinosas e lentes rígidas têm produtos específicos”.
Além disso, respeitar o tempo de troca e de descarte de acordo com cada tipo de lente e recomendação do fabricante, uma vez que existem lentes de descarte diário, quinzenal, mensal e de troca anual.
“Por exemplo, se é uma lente de descarte mensal, o correto é usar essa lente durante um mês, mas é preciso retirá-la todas as noites, colocar o produto de limpeza e higienizá-las, para o uso do dia seguinte. Quando der 30 dias, ela será descartada corretamente. Já as lentes de uso diário não precisam do processo de limpeza diária, pois elas são usadas durante o dia e depois descartadas”, orienta Liliana Nóbrega.
A forma como as armazenamos também merecem cuidados, como lavar as mãos com sabão e secar bem antes de remover as lentes dos olhos. Quanto aos estojos, precisam de uma atenção especial, e devem estar sempre limpos e guardados em ambientes que diminuam a chance de contaminação, por exemplo, no banheiro.