O vice-governador do Espírito Santo, Ricardo Ferraço, retorna ao MDB e vai presidir o partido no Estado.
Na noite da segunda-feira (16), um evento político em Campo Grande, Cariacica, marcou a filiação partidária de Ferraço, ex-PSDB e do prefeito Euclério Sampaio, que deixou o União.
O chefe do executivo de Colatina, Guerino Balestrassi, que saiu do Podemos, também se filiou à sigla.
“União, unidade e pacificação” foram os motes comuns a todos os discursos da noite.
Apontado como solução para o separatismo dentro da sigla e como reforço de peso para alavancar a retomada da força politica do MDB no Estado, Ferraço mostrou estar ciente da prioridade de pacificar o partido.
A decisão surpreendeu a cena política capixaba, já que ele era apontado para ser o novo líder do PSDB, até meados de setembro.
Vale contextualizar que no dia 21 de setembro, a ex-senadora Rose de Freitas e o ex-deputado, Lelo Coimbra empataram na disputa pela presidência estadual do MDB.

“Topei o desafio e volto me valendo daquilo que há de melhor na política, que é o diálogo. A gente vai construir, vai pacificar, vai continuar crescendo e a gente vai continuar colaborando muito com o desenvolvimento do nosso estado”, ressaltou o ex-tucano.
Articulação
O presidente nacional do partido, Baleia Rossi, prestigiou o ato de filiação dos novos reforços. Ele e Rose de Feitas conduziram a articulação que resultou na transferência de Ferraço para o antigo time, após o empate de setembro.
O deputado paulista também destacou a unificação e a pacificação que se espera com a chegada do vice-governador à presidência estadual.
Nesta terça-feira (17), Ricardo Ferraço viaja para a capital federal com Baleia Rossi e nos próximos dias, a Executiva Nacional vai formalizar a Comissão Estadual Provisória no Espírito Santo, formada por sete membros e presidida pelo vice-governador.

Rose e Lelo também farão parte da comissão, que terá vigência de três meses como confirmam Ricardo e Baleia, assim como os novos reforços, Guerino e Euclério Sampaio.
“Tenho certeza que, com a agulha numa mão e com a linha na outra, nós vamos fazer uma boa construção. Tenho certeza de que, com muito respeito, equilíbrio, tranquilidade e humildade, vamos conseguir construir essa unidade e essa união”, disse.
Empate abriu as portas da esperança para o MDB…
Sobre sua decisão de aceitar o comando do MDB capixaba, Ferraço apresentou o empate entre Lelo e Rose, como a circunstância determinante, para redirecionar seus planos..
“Isso não foi planejado. Foi obra da circunstância. Em razão desse empate, o presidente Baleia Rossi me mobilizou. E nós fizemos uma conversa com todos os segmentos do partido e chegamos à conclusão que tínhamos ali uma bela construção para ser feita. Não foi o Baleia Rossi quem me procurou. Fomos nós que, de maneira conjunta, chegamos a essa convergência. Mas, por certo, o mandato que estou recebendo passa pela orientação do presidente da Executiva Nacional”, assegurou.
Convite de Rose
Ricardo foi convidado por Rose em meados do primeiro semestre para voltar ao MDB, mas permaneceu no PSDB, na época, com a prudência de aguardar maior estabilidade na cúpula da sigla no Estado.
Existia ainda o pressuposto de que não seria vantajoso para Ferraço, retornar ao partido, se não fosse como líder.
“As conversas sempre existiram, mas essas conversas foram sucedidas por uma convenção. Se essa convenção não tivesse empatado, a circunstância não me colocaria diante dessa realidade”, disse o vice-governador.
Casagrande lidera a coalizão formada pelos partidos que compõem o seu governo, entre os quais, o MDB e o PSDB. Rose e Ferraço são os principais aliados. Para alívio político de Casagrande, o controle do MDB permanece com seus aliados diretos.
“Isso envolve as lideranças do MDB, mas envolve também, por certo, a liderança do governador Renato Casagrande, que lidera uma frente ampla de partidos que têm trabalhado firmemente para produzir um Espírito Santo cada vez melhor. Diretamente, ele não participou. Mas ele lidera uma frente ampla de partidos. E, como líder desse movimento, ele por certo acompanhou toda essa construção”, declarou Ricardo.
De olho nas Eleiçõs 2026
A saída de Ricardo Ferraço do PSDB foi pacífica e não deixou desconfortos.
“Dialoguei muito com os deputados Vandinho e Mazinho, deixo ali bons amigos e por certo vamos continuar trabalhando juntos”, garantiu.
Como PSDB e MDB compõem o bloco que tem como líder Casagrande, Ricardo sobe de posição, defendendo outra sigla, porém alinhado como o esquema tático do time dirigido do Palácio Anchieta.
Seu desempenho na estratégia política do grupo vai ser avaliado no resultado das eleições municipais de 2024, que serão o medidor da força do MDB para uma candidatura em 2026, para a sucessão de Casagrande.
Embora Baleia Rossi tenha deixado claro esse desejo por parte do MDB nacional, Ricardo Ferraço foi cauteloso:
“Sempre procurei cumprir a minha tarefa. O momento é de a gente continuar trabalhando muito. Tem que deixar a política para a hora certa. Tratar de eleição agora é cercar vento, é enxugar gelo”, disse.
MDB fica com quem na capital em 2024?
A posição de Ricardo Ferraço no MDB-ES pressupõe que alianças com outras siglas “Casagrandistas” serão as prioridade nas eleições municipais de 2024, visando fortalecer o grupo em 2026.
Isso praticamente elimina as chances de o MDB repetir o apoio dado a Lorenzo Pazolini (Republicanos) em 2020.
Um retorno de Lelo, por exemplo, outro efeito. O secretário de Governo de Pazolini, Aridelmo Teixeira (Novo), compareceu à convenção do MDB em 21 de setembro e estava na torcida de Lelo.
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A nova era começa agora
A expectativa em torno da chegada de Ricardo Ferraço ao comando do MDB é a inauguração de uma nova era política para a sigla no Estado.
Desde de 2018, o partido atravessa um período turbulento, marcado por dois anos de disputas entre o grupo de Lelo Coimbra e o de Marcelino Fraga, seguido por uma intervenção federal, a nomeação de Rose de Freitas para a presidência estadual.
O período atribulado foi traduzido no péssimo nas eleições gerais de 2022 e chegou ao clímax com a disputa entre Lelo e Rose pelo comando do partido.
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O resultado da convenção de setembro evidenciou de vez que o partido estava, literalmente partido ao meio. A tarefa de Ricardo já começou a ser realizada, colocando Lelo e Rose, ao seu lado na nova Comissão Provisória:
“Por certo Rose e Lelo estarão, porque ambos têm legitimidade para estar nessa nova Executiva, na medida em que disputaram a convenção e saíram da convenção com um empate”, explicou Ferraço.







